Sara Vieira | |
Chamo-me Sara e estive a fazer um estágio, no Reino Unido, pelo programa de mobilidade Leonardo da Vinci.
Estava a acabar a licenciatura em Biologia, na Faculdade de Ciências, e decidi fazer um estágio noutro país. Informei-me quanto a financiamento e descobri o programa Leonardo da Vinci. Para recolher toda a documentação exigida tive algum trabalho, mas não tive dificuldade! Se estiverem a pensar ter uma experiência destas não desanimem. Na minha opinião, valeu a pena o esforço!! Consegui todos os documentos, recebi uma bolsa e, melhor ainda, tive uma experiência que me enriqueceu a nível pessoal e profissional. O meu estágio decorreu no MRC (Medical Research Council) Toxicology Unit, em Leicester, no Reino Unido. O MRC é um instituto financiado pelo governo inglês e está dividido em várias unidades dispersas por todo o país. A unidade onde eu estava tem muito boas condições. Quando digo boas condições talvez não esteja a descrever a unidade da forma mais correta. Tem mesmo muito boas condições! Todas as pessoas com quem convivi disseram que era o instituto com as melhores condições onde alguma vez tinham trabalhado. Não conheço nenhum, em Portugal, com as mesmas facilidades. Presumo que as condições nas outras unidades do MRC sejam idênticas. Praticamente tínhamos tudo dentro do edifício, tanto a nível de material e de maquinaria como a nível de pessoas qualificadas. Embora tenha estado num país europeu que já sente a crise (eu digo isto porque os impostos aumentaram consideravelmente este ano), ainda não está como o nosso. Ainda há bastante financiamento para investigação científica. Quando era necessário qualquer material para o laboratório era só pedir, não era preciso andar a fazer contas e mais contas para saber se havia dinheiro suficiente. Aprendi muito com este estágio. Aprendi coisas novas, que me permitem ter conhecimentos que abrangem outros assuntos. Para além das técnicas laboratoriais também ficamos com novas ideias e perspetivas para o futuro. Convivi com pessoas com diferentes experiências, logo, com diferentes ideias, o que me vai ajudar no futuro. Se não tivesse ido para outro país trabalhar nunca ia aprender determinadas coisas. Com esta minha experiência divulguei o nome da Universidade do Porto deforma positiva. Várias vezes os meus supervisores me questionavam relativamente a aspetos de técnicas ou mesmos aspetos teóricos e ficavam admirados por eu ter certos conhecimentos que não são comuns em pessoas com uma graduação de três anos. É mais um a facto que prova a qualidade do nosso ensino. Quanto ao país tenho uma opinião bem diferente. É totalmente diferente do nosso (o nosso é melhor, sem duvida!). Inglaterra é um ótimo país para ser visitado. Por exemplo, tem uma arquitetura totalmente diferente da do nosso, que merece ser apreciada. O clima não é muito agradável, como toda a gente sabe! Embora haja sol, é sempre frio. Houve uma altura em que as temperaturas máximas eram negativas, mas aguentou-se. Contudo, o pior aspeto é o nível de vida. Deve ser umas quatro vezes superior ao nosso. É tudo bem mais caro que em Portugal, mas o alojamento foi mesmo a parte mais dispendiosa. Fiquei alojada numa residência universitária junto ao pólo universitário. Era muito cara! Eu paguei cerca de 150 euros por semana. E eu estava numa cidade pequena!! Para terem uma pequena noção do preço da alimentação: um café expresso custa aproximadamente ¤1,50, um quilograma de arroz custa cerca de ¤4,00… Para uma refeição na cantina da universidade não chegavam ¤5 só para o prato principal. Com sopa, salada, sobremesa e bebida o preço aumentava consideravelmente. Quando ia ao supermercado pagava sempre uma quantia elevada para a quantidade de coisas que trazia (comparando com Portugal). Por isso, a maior parte das pessoas que vão para lá estudar ou trabalhar cozinham em casa, depois levam o almoço naquelas caixinhas de plástico e aquecem nos microondas. A cidade onde estava não é muito grande, como já referi. Para conhecer a parte principal bastou andar a pé. A universidade ficava fora do centro mas eram só 15minutos a pé, não custava nada. Leicester é uma cidade multicultural, há alguns ingleses, poucos europeus e muitos asiáticos. Quando digo asiáticos estou a referir-me a todas as diferentes culturas. As que dominavam eram a indiana e a chinesa. Leicester fica muito próximo de Birmingham, que é a segunda maior cidade do Reino Unido. Fica situada aproximadamente no centro da Inglaterra, por isso e só apanhar um comboio e “rapidamente” se chega a qualquer parte. O problema do comboio é o preço. Há viagens baratitas mas são poucos os destinos com esses preços. Eu, por exemplo, fui a Londres, Nottingham, Oxford, Cambridge e Birmingham. Não fui visitar mais cidades porque não tinha muito tempo e o custo das mesmas já era um pouco acima das minhas possibilidades. Por exemplo, a minha viagem para Oxford (foi a mais cara que fiz) custou cerca de 50 euros. Para viajar para as outras cidades que não visitei o custo era igual ou superior. Contudo, assim tenho desculpas para voltar lá. Apesar de estar numa cidade maioritariamente habitada por pessoas culturalmente diferentes de nós, não senti qualquer tipo de dificuldades naquele país. Nos tempos livres convivia com alguns colegas do meu grupo de trabalho e de outros grupos. Fizemos vários jantares com pessoas de várias nacionalidades, com comidas típicas de cada país. |