Estudante do DFA premiada em conferência mundial de magnetismo

Mafalda Moreira conquistou o prémio de melhor apresentação oral e foi também selecionada para uma formação intensiva nos Estados Unidos.

A estudante Mafalda Moreira, do 1.º ano do Doutoramento em Física da FCUP, venceu o prémio de melhor apresentação oral na conferência Around the Clock, Around the Globe, organizada pela IEEE Magnetics Society, a maior associação de profissionais da área de tecnologia e de investigação em magnetismo.

Nesta conferência, que decorreu online e que contou com a participação de estudantes e cientistas de todo o mundo, Mafalda Moreira apresentou o trabalho “Advancing Flexible Spintronics through Scalable Tuning of Topological Insulator Thin Films”, que começou a desenvolver ainda durante o mestrado em Física, na FCUP. O mesmo trabalho já lhe tinha valido uma publicação na prestigiada revista Advanced Functional Materials, tendo sido  selecionado pelos editores como um dos hot topics de investigação em tecnologias quânticas. 

A estudante dedica-se, desde o mestrado, à investigação em nanomateriais e tem estado a trabalhar com isoladores topológicos, classe de materiais promissores com potencial, provado pela estudante e grupo de investigação em que se insere no Instituto de Física dos Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica da Universidade do Porto (IFIMUP), para utilização em materiais flexíveis e na tecnologia do futuro. A investigação da estudante abre caminho para o desenvolvimento de novos dispositivos eletrónicos flexíveis que podem, por exemplo, ser alojados na nossa roupa. 

Passaporte para os EUA  

Para além desta conquista, Mafalda Moreira conseguiu também chamar a atenção de especialistas da empresa norte-americana Quantum Design, que desenvolve equipamentos para investigação de ponta, e foi selecionada para um restrito grupo de seis investigadores convidados para integrar a Quantum Design Winter School, uma escola que privilegia cientistas com experiência, líderes de laboratório, pós-doutorados ou estudantes de doutoramento numa fase avançada do seu trabalho.

“Na FCUP, temos muita experiência com os equipamentos de investigação e estamos ao lado dos investigadores sénior quando é preciso fazer reparações ou manutenção e foi o que descrevi na minha carta de motivação e que acredito que fez com que tivesse sido selecionada apesar de ainda estar no início do doutoramento”, conta.

A semana de formação intensiva decorre de 10 a 14 de fevereiro e permitirá à estudante levar amostras de materiais para estudo, aprender mais sobre os equipamentos e medições e aprofundar o seu trabalho de investigação.

Novos dispositivos eficientes e de baixo consumo energético

No seu doutoramento, Mafalda Moreira quer avançar no desenvolvimento de dispositivos de spintrónica, uma área de vanguarda bastante recente que permite criar um novo paradigma para codificar informação. “Nos transistores, que temos atualmente, aplicamos uma corrente para atingir um patamar de voltagem e dar origem aos 0 e 1 que permitem codificar informação nos nossos computadores. Se usarmos os spins em vez de corrente elétrica, isso permite-nos aumentar a eficiência dos dispositivos e baixar o consumo energético porque estamos a utilizar campos magnéticos”, explica a estudante.

Numa altura em que a Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais em voga e, com ela, maiores gastos de energia associados aos servidores, a estudante sente-se ainda mais motivada a prosseguir com este trabalho de investigação. “Desenvolver tecnologias novas que possam substituir estes sistemas pode ajudar a reduzir bastante o consumo energético”, remata.

Agora que está provado que é possível usar isoladores topológicos em substratos flexíveis e que estes podem ser facilmente escaláveis a nível industrial, os investigadores querem avançar com a aplicação de materiais magnéticos, estudar o seu comportamento e pôr em marcha o desenvolvimento de dispositivos mais eficientes e amigos do ambiente.

Mafalda Moreira está a ser orientada pelos Departamento de Física e Astronomia da FCUP, André Pereira, do Instituto de Física de Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica (IFIMUP) e Eduardo Castro, do Centro de Física das Universidades do Porto e do Minho, e da investigadora da FCUP e IFIMUP, Ana L. Pires.

Por Renata Silva / FCUP