Notícia explicativa do mundo: coleções de cartografia na Universidade do Porto

Cartografia Antiga - peças dos acervos históricos do Fundo Antigo da Universidade do Porto 81 contemplava, de acordo com o parágrafo XXXI dos estatutos, o ensino do desenho de Marinha, com cópia e redução de plantas e representação de perfis de costa, tendo como fim último habilitar os alunos no risco das cartas geográficas e topográficas. Já o primeiro programa dos estudos da Academia Politécnica (1838), previa a aprendizagem do desenho topográfico ou de cartas geográficas, ou a redução de plantas de costas marítimas, conforme os cursos que oferecia, de formação de engenheiros de minas, de pontes e estradas, e geógrafos, de oficiais de marinha ou de pilotos de navegação. A apresentação dos instrumentos mais usados no levantamento de plantas far-se-ia no âmbito do ensino da Geometria elementar e Trigonometria (1ª cadeira), e o enunciar dos princípios de construção das cartas geográficas, no âmbito da Geodesia (que, em conjunto com a Astronomia, formava a 5ª cadeira). Todavia, tendo sido lentes da aula de desenho o pintor José Teixeira Barreto e o gravador Raimundo Joaquim da Costa, bem como o discípulo dileto de ambos, o pintor João Baptista Ribeiro, a orientação desta viria a ser marcadamente artística até às primeiras décadas de vigência da Academia Politécnica. De acordo com o relatório de uma inspeção extraordinária realizada à Academia Politécnica (1865), a prática do desenho topográfico reduzia-se à mera cópia de estampas e cartas, na ausência de explicações orais dos princípios teóricos subjacentes, e de articulação com o ensino na 1ª e 5ª cadeiras. Instrumentos para efetuar levantamentos do terreno a cartografar, como o teodolito, o grafómetro, o nível e a mira, pranchetas e respetivas alidades, etc., foram sendo adquiridos de forma esparsa desde o início do século XIX, compondo a secção de topografia e geodesia do gabinete de instrumentos matemáticos, com o propósito de ilustrar as preleções dos lentes da 5ª cadeira. Da manipulação desses instrumentos pelos alunos nada sabemos. A profunda reorganização dos cursos da Academia Politécnica, realizada em 1885, com criação de mais cadeiras, e aumento do valor das propinas, veio a corrigir o principal defeito de que esta enfermava desde o início – o acumular, nas mesmas aulas, todo o ensino industrial, desde a instrução do simples artífice ao ensino superior de engenharia, nos seus diversos ramos – bem como dotar os gabinetes e laboratórios com mais recursos com vista aos exercícios práticos. O ensino assim melhorado e elevado justificaria a transformação, anos mais tarde, da Academia Politécnica em Faculdade de Ciências com Escola de Engenharia anexa (1911), esta rapidamente dando lugar a uma Faculdade Técnica (1915), sucedida pela Faculdade de Engenharia (1926): nos seus gabinetes de Topografia tem origem a maior parte dos instrumentos expostos. Marisa Monteiro Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, Portugal

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