Notícia explicativa do mundo: coleções de cartografia na Universidade do Porto

Os mapas da Academia 78 Os globos Addison da Academia Este par de globos foi remetido de Londres em abril de 1829, pelos agentes da Companhia da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, a qual supervisionava o funcionamento da Academia Real da Marinha e Comércio da Cidade do Porto. Haviam sido pedidos muito tempo antes (em 1804!) para o ensino do terceiro ano matemático, onde eram fornecidas as bases da navegação teórica e prática. O globo celeste permitiria aplicar a Astronomia posicional a problemas concretos de orientação no mar, enquanto que no globo terrestre seria possível traçar as rotas marítimas. Em 1804, a Companhia exigia aos agentes londrinos que comprassem os globos em França, porque os queria “com palavras em francês”. Esta prerrogativa veio a tornar-se um impedimento, a que se terá somado um outro muito maior, o ressentimento gerado pelas invasões francesas (1807- 1811). A decisão definitiva, pela compra de globos ingleses, poderá ter sido influenciada pela circunstância de o fabricante inglês John Addison ter exposto, em 1828, na primeira edição da London National Repository Exhibition, um globo terrestre com esfera de 36’’ de diâmetro, anunciado como o maior já construído na Grã-Bretanha e atualizado com as últimas descobertas geográficas (como seriam as feitas por James Cook nas viagens ao Pacífico, entre 1772 e 1779). Os globos desta dimensão assinados por John Addison são raros, e exibem alguns detalhes de construção considerados inovadores: não existe um esqueleto interno de madeira a preencher as esferas, à exceção de um eixo central, o que as torna leves, mas frágeis; por outro lado, os fusos de papel que assentam sobre as esferas, e nos quais está impressa a cartografia, encostam uns aos outros, sem sobreposição e com grande precisão. Tanto quanto sabemos, são os segundos maiores globos existentes no país, a seguir aos globos seiscentistas da Sociedade de Geografia, assinados por Marco Vicenze Coronelli.