Notícia explicativa do mundo: coleções de cartografia na Universidade do Porto

Cartografia Antiga - peças dos acervos históricos do Fundo Antigo da Universidade do Porto 45 duplo critério geográfico, de escalas pequenas para escalas maiores, ou vice- versa, e cronológico, entre os séculos XVI e XIX, com clara preponderância para o Século das Luzes. Os “clássicos” estão representados por quatro conhecidas imagens. Primeiro, o Mundo dividido pelos seus “climas”, segundo Pedro Nunes, na 1ª edição do Tratado da Esfera , de 1537, e quanto à sua configuração segundo Pompónio Mela, através da reconstituição gráfica de Petrus Bertius, numa edição tardia de 1748. Depois, a “tábua nova” da Península Ibérica, na edição latina da Geographia de Ptolomeu, por Miguel Servet, de 1535. Finalmente, a planta/vista de Braga, de 1594, incluída no volume V, de Civitates Orbis Terrarum , de Braun e Hogenberg, e divulgada desde ca. 1598. As imagens da arte da guerra estiveram sempre presentes na formação dos marinheiros e comerciantes do Porto. Daí encontrarmos a 1ª edição do Engenheiro Portuguez de Azevedo Fortes, de 1728, com os seus modelos de fortificações militares, ou obras apologéticas das campanhas do Príncipe Eugénio de Saboia no leste europeu, de 1750, e da Prússia de Frederico, o Grande, de 1788. Atendendo ao contributo da Aula de Nática e da Academia Real de Marinha e Comércio na formação do acervo, o mais significativo e específico núcleo temático é o das cartas hidrográficas, provenientes de De Groote Nieuwe Vermeerderde Zee-Atlas ofteWater- Werelt, do cartógrafo e editor holandês Johannes van Keulen, do final do século XVII. Mas, outros atlas marítimos estão presentes, com imagens do Mediterrâneo e do Atlântico Norte. Contudo, o tesouro da coleção é a carta atlântica de José Monteiro Salazar, elaborada no contexto dos conflitos militares entre Portugal e Espanha, no sul do Brasil, entre 1774 e 1777. Numa escola sempre se acumulam as obras de referência e os manuais para o ensino, daí encontramos planisférios e mapas nacionais em atlas enciclopédicos ou complementares de geografias, mapas regionais em atlas de bolso, e atlas celestes indispensáveis na Astronomia náutica. A este conjunto foram acrescentadas duas obras marcantes da Cartografia portuguesa: a Carta Topographica do Pinhal Nacional de Leiria, de F. Varnhagen, levantada em 1841, e o primeiro atlas científico português, intitulado Cartas Elementares de Portugal, de B. Barros Gomes, editado em 1878. Em qualquer biblioteca dos séculos XVIII e XIX os livros de viagem tinham particular destaque. Para a mostra foram selecionados itinerários de famosos viajantes por várias regiões do Mundo, da China ao Egipto, da África à América do Norte. As imagens da expansão colonial europeia no século XIX, que tanto interessaram então as casas comerciais portuenses, correspondem a dois continentes privilegiados para Portugal: a África (ocidental e meridional), e a América do Sul, com o Brasil. Na Biblioteca do Fundo Antigo da Universidade do Porto há muitos mapas nos manuais de ensino, com numerosas traduções e edições, como é o caso do Compendio de la Geografia, por perguntas y respuestas, para instruccion de la jubentud, de 1757. O Mundo, por perguntas e respostas, como se usava em muitas escolas. Mas, também encontramos as novas imagens cartográficas que testemunham a atenção e o interesse dispensados às novidades e às inovações científicas. João Carlos Garcia Faculdade de Letras da Universidade do Porto

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