Ferreira da Silva | Química para a vida, uma vida de química.
A extinção do Laboratório Químico Municipal e consequências para o Laboratório Químico da Academia 69 Encerrado o Laboratório Municipal, os tribunais viraram-se para o Laboratório da Academia Politécnica para a realização das análises toxicológicas. No livro de registo da correspondência expedida encontram-se duas cartas dirigidas por Ferreira da Silva ao Diretor da Academia, o matemático Gomes Teixeira, nas quais primeiro se escusa, com base nas condições deficientes (o laboratório da Academia continuava a ser local de passagem para o laboratório do Instituto Industrial…), mas depois acede, com a promessa de procurar um lugar conveniente. Ele, Ferreira da Silva, e outros lentes, haviam recentemente pedido ao rei alterações ao projeto de conclusão da Academia (dado ao prelo em 1898), as quais criariam mais espaço para laboratórios. Foram precisos dois reis - D. Carlos e D. Manuel II - e largos meses para converter no novo Laboratório de Química Analítica o salão de 20 X 10 e 7 metros de altura que estava destinado a Museu [de Invenções] no projeto de conclusão do edifício da Academia. A casa francesa Flicoteaux, Borne & Boutet, que Ferreira da Silva contactou para fornecimento dos tampos esmaltados para as bancadas (desconhecidos em Portugal) e outras infraestruturas, havia equipado os laboratórios de duas instituições de referência em Paris, o Institute Pasteur e a École de Pharmacie. No mesmo dia em que comunica à casa Flicoteaux as alterações que fez ao projeto primitivo (23 de março de 1910), também escreve a Gomes Teixeira, detalhando, em breves linhas, a sua proposta para as novas instalações do Laboratório Químico: no novo laboratório de química analítica, quatro mesas e cinco sorbonnas (hottes), bem como uma chaminé alta, encostada à parede; uma sala de balanças no subsolo, debaixo desse laboratório; a anterior sala de balanças, contígua ao anfiteatro para as aulas, transformada num gabinete de preparação, etc.... A montagem do novo laboratório de química analítica estender-se-ia por mais de três anos. Na origem desta morosidade estava, sem dúvida, a profunda instabilidade política, social e económica que se sucedeu à implantação da República e, possivelmente, alguma hostilidade às convicções monárquicas de Ferreira da Silva, das quais ele nunca abdicou. Numa das várias homenagens em vida que lhe seriam prestadas por colegas e instituições, em 9 de dezembro de 1922, o laboratório que seria lugar de aprendizagem de análise química até 1996 tomou o seu nome. Nesta cerimónia foi igualmente descerrado um busto da autoria do escultor Teixeira Lopes. O Professor esteve ausente, por falecimento da esposa. Juntos, haviam tido catorze filhos. 7.
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