Ferreira da Silva | Química para a vida, uma vida de química.

5 “Nada na vida é para ser temido, apenas compreendido. Agora é a hora de compreender mais para que possamos temer menos”, terá declarado Marie Curie. Nesta afirmação, a Nobel da Física e da Química exprime a sua confiança no poder transformador da ciência, sublinha a importância do conhecimento e valoriza a investigação científica enquanto fator de progresso humano. Foram também estas ideias e estes valores que nortearam a vida de António Joaquim Ferreira da Silva. A homenagem que o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, a Faculdade de Ciências e a Sociedade Portuguesa de Química lhe prestaram, por ocasião do seu centenário, visou celebrar não só o seu contributo específico na área da Química, mas também a sua visão da ciência como fator determinante para a construção de uma sociedade mais educada, inspirada e inovadora. A exposição “Ferreira da Silva / Química para a vida, uma vida de Química”, que esteve patente na Biblioteca da Faculdade de Ciências, comunicou, de forma eficaz, as muitas frentes em que Ferreira da Silva inovou. Sublinhou, em primeiro lugar, o pioneirismo do investigador na criação do Laboratório Químico Municipal do Porto, em 1884, e na introdução das técnicas analíticas modernas e das metodologias rigorosas que estabeleceram as bases da toxicologia forense em Portugal. Evidenciou, em segundo lugar, o fortíssimo impacto que as atividades do Laboratório Municipal tiveram na saúde pública e na justiça do nosso país. Recordou, em terceiro lugar, a visão e a liderança de Ferreira da Silva, que produziu conhecimento científico relevante, a nível global, e colocou Portugal no mapa da ciência europeia. Salientou, por fim, o importante papel que Ferreira da Silva assumiu como formador de gerações de químicos e cientistas: professores curiosos, qualificados e comprometidos com o avanço do conhecimento. Ferreira da Silva deixou-nos um legado duradouro, que a Universidade do Porto, através do seu Museu de História Natural e da Ciência, está empenhada em preservar. Refiro-me não apenas ao legado físico – os seus livros, os seus instrumentos científicos, o seu laboratório –, mas também ao legado imaterial – a inspiração que constituiu a sua vida, comprometida com o serviço púbico e os valores de inovação e de dedicação. Em nome do Museu de História Natural e da Ciência, impõe-se que aqui deixe três agradecimentos: à Direção da Faculdade de Ciências, pelo acolhimento desta exposição que, durante vários meses, confrontou os usuários da Biblioteca com a vida exemplar de Ferreira da Silva que, tal como Marie Curie, procurava “compreender” para “não temer”; à Faculdade de Ciências, à Faculdade de Engenharia, à Sociedade Portuguesa de Química e ao Agrupamento de Escolas Dr. Ferreira da Silva pela parceria na programação do Centenário e empenho na sua concretização; e ainda aos curadores do programa comemorativo, Marisa Monteiro, Joaquim Luís Faria e Alexandre Magalhães, pela programação de altíssima qualidade que ajudou o Museu de História Natural e da Ciência a cumprir a sua missão de preservar, promover e disseminar o legado de Ferreira da Silva. Fátima Vieira Vice-Reitora para a Cultura e Museus Uma vida de química

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